A saúde da pele depende diretamente da integridade da barreira cutânea.
Quando essa estrutura sofre alterações, um dos primeiros sinais é o aumento da perda transepidérmica de água (TEWL), fenômeno que compromete a hidratação e desencadeia um ciclo de sensibilidade e inflamação.
Entender o que é a TEWL, como identificá-la e quais estratégias adotar para controlá-la é essencial, principalmente em peles fragilizadas.
O que é a perda transepidérmica de água?
A pele funciona como um escudo biológico, mantendo o equilíbrio entre o meio interno e o ambiente externo. A TEWL ocorre quando há evaporação excessiva de água através da epiderme, sinalizando que a barreira cutânea está comprometida.
Esse processo não está ligado apenas à falta de hidratação superficial. A perda de água através da epiderme indica uma disfunção estrutural da camada córnea, responsável por manter a coesão celular e reter lipídios essenciais.
Em peles saudáveis, a TEWL se mantém em níveis controlados; em peles sensibilizadas, ela aumenta significativamente, facilitando irritações e inflamações.
Por que a TEWL é mais crítica em peles sensibilizadas?
Peles sensibilizadas apresentam barreira cutânea instável, o que as torna mais suscetíveis a agentes externos e variações ambientais.
Quando a TEWL se eleva nesse contexto, o resultado é um efeito cascata: a pele perde água, compromete processos enzimáticos naturais, altera o microbioma e intensifica a inflamação.
Entre as principais causas de sensibilização estão:
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Uso excessivo de ácidos e ativos irritantes;
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Procedimentos dermatológicos invasivos;
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Exposição a mudanças bruscas de temperatura e baixa umidade;
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Condições de pele como dermatite atópica, rosácea e psoríase.
Nesses casos, monitorar e reduzir a TEWL é um passo fundamental não apenas estético, mas terapêutico.
Como identificar sinais de TEWL aumentada?
Embora a medição precisa da TEWL seja feita com equipamentos específicos em consultórios dermatológicos, existem sinais clínicos que ajudam a identificar o problema:
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Sensação constante de ressecamento mesmo após a aplicação de hidratantes;
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Descamação fina e irregular na superfície da pele;
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Ardência ou coceira diante de produtos comuns ou variações climáticas;
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Vermelhidão persistente, principalmente em áreas mais finas como bochechas e ao redor dos olhos;
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Sensação de “repuxamento” após a limpeza facial.
Quando esses sintomas aparecem em conjunto, é provável que a perda transepidérmica esteja acima do ideal, exigindo um cuidado direcionado.
O papel da barreira cutânea no controle da TEWL
A camada córnea da epiderme é composta por corneócitos (as “células tijolo”) e lipídios (o “cimento” que mantém tudo unido).
Esse arranjo é o que impede a perda excessiva de água. Qualquer dano nesse sistema — seja pela remoção agressiva de lipídios, seja por inflamação crônica — resulta em uma barreira incapaz de manter o equilíbrio hídrico.
O foco no controle da TEWL, portanto, deve ser sempre restaurar a integridade dessa barreira, e não apenas adicionar água superficialmente.
Estratégias para controlar a perda transepidérmica de água
O tratamento da TEWL passa por três pilares: proteção, reparação e manutenção.
1. Proteção contra agentes externos
Ambientes com ar-condicionado, poluição e mudanças bruscas de temperatura agravam a TEWL. O uso de produtos com filmógenos fisiológicos, que criam uma camada respirável sobre a pele, ajuda a reduzir a evaporação e manter o equilíbrio hídrico.
2. Reposição de lipídios essenciais
Ceramidas, ácidos graxos e colesterol são componentes-chave para restaurar o “cimento” da barreira. Fórmulas biomiméticas que imitam a estrutura lipídica natural da pele são mais eficazes em peles sensibilizadas.
3. Ativos calmantes e anti-inflamatórios
A inflamação aumenta a permeabilidade da pele e, consequentemente, a TEWL. Ingredientes como alfa-bisabolol e vitamina E atuam como moduladores inflamatórios, reduzindo a irritação e permitindo que a barreira se reorganize.
4. Controle da limpeza
Limpezas agressivas removem lipídios essenciais, piorando a TEWL. Para peles sensibilizadas, o ideal é optar por limpadores suaves, com pH fisiológico e sem agentes detergentes agressivos.
5. Evitar sobrecarga de ativos
Excesso de ácidos, retinoides ou esfoliantes físicos compromete a camada córnea. O cuidado deve ser gradual, respeitando a capacidade da pele de se recuperar.
A importância do diagnóstico correto
Embora os sinais clínicos indiquem o aumento da TEWL, apenas uma avaliação profissional pode determinar a gravidade do quadro e orientar um protocolo seguro.
Em consultório, dermatologistas podem utilizar aparelhos específicos que medem a evaporação de água na pele, ajustando o tratamento conforme a necessidade individual.
Para peles sensibilizadas, esse acompanhamento é ainda mais relevante, pois o uso inadequado de produtos pode agravar a inflamação e prolongar o desequilíbrio da barreira cutânea.
TEWL não é só estética: é fisiologia
Muitas vezes associada apenas à aparência ressecada, a TEWL é, na verdade, um marcador biológico importante. Ela indica que a pele perdeu parte de sua função de barreira e que os mecanismos de autorregulação estão comprometidos.
Ao tratar a perda transepidérmica de água, não estamos apenas “hidratando” a pele, mas restaurando uma função fisiológica essencial que protege o organismo como um todo.
Conclusão
Como podemos ver, a perda transepidérmica de água (TEWL) é um dos primeiros sinais de que a barreira cutânea está comprometida, principalmente em peles sensibilizadas.
Identificar os sintomas e adotar estratégias de controle é fundamental para restaurar a saúde da pele e evitar um ciclo de inflamação e irritação.
Focar em produtos que respeitem a fisiologia cutânea, reforcem os lipídios naturais e tragam ativos calmantes como alfa-bisabolol e vitamina E é essencial para manter a TEWL em níveis saudáveis.
Mais do que uma preocupação estética, trata-se de preservar a principal função da pele: proteger o corpo de forma inteligente e equilibrada. E é isso o que fazemos na Pele Rara.