Radioterapia e pele: como reduzir efeitos colaterais com dermocosméticos

Radioterapia e pele: como reduzir efeitos colaterais com dermocosméticos

A radioterapia é um dos tratamentos mais utilizados e eficazes no combate ao câncer. Ela atua destruindo células tumorais, mas também pode afetar tecidos saudáveis, principalmente a pele.

Esse impacto cutâneo é um dos efeitos colaterais mais comuns e pode comprometer não apenas a estética, mas também o conforto e a qualidade de vida do paciente.

Entre os sintomas frequentes estão ressecamento, vermelhidão, coceira, manchas e sensibilidade extrema, que em alguns casos evoluem para descamação ou ulcerações. 

Por isso, o cuidado dermatológico durante a radioterapia é considerado fundamental, e os dermocosméticos têm um papel relevante nesse processo.

Como a radioterapia afeta a pele?

A radiação ionizante age sobre o DNA das células tumorais, impedindo sua multiplicação. Porém, como não diferencia completamente as células malignas das saudáveis, também atinge tecidos de renovação rápida — como a pele.

Alguns dos efeitos mais observados são:

  • Radiodermite: inflamação que pode variar de leve vermelhidão até lesões mais intensas;

  • Ressecamento cutâneo: resultado da redução da barreira de proteção natural;

  • Prurido (coceira): comum em áreas irradiadas, podendo gerar feridas secundárias;

  • Escurecimento da pele: conhecido como hiperpigmentação pós-radiação;

  • Sensação de queimação: causada pelo processo inflamatório.

A intensidade desses efeitos depende de fatores como dose de radiação, região tratada, tipo de pele e estado geral de saúde do paciente.

O papel dos dermocosméticos

Os dermocosméticos são diferentes dos cosméticos comuns por conterem ativos dermatologicamente testados, com maior potencial de absorção e efeito clínico.

No contexto da radioterapia, eles auxiliam no manejo dos sintomas e na manutenção da integridade cutânea, reduzindo o risco de complicações.

Entre as principais funções estão:

  • Hidratação: fundamental para compensar a perda de água e reduzir descamações;

  • Ação calmante: alivia vermelhidão, coceira e sensação de ardência;

  • Reparação da barreira cutânea: fortalece a proteção natural da pele contra agentes externos;

  • Efeito antioxidante: ajuda a neutralizar radicais livres gerados pela radiação, minimizando danos celulares.

Ativos mais indicados

Diversos ingredientes têm respaldo científico no cuidado de peles submetidas à radioterapia:

  • Vitamina E: antioxidante, com efeito protetor e hidratante;

  • Ácido hialurônico: contribui para hidratação imediata e prolongada;

  • Pantenol e alantoína: conhecidos pelo efeito calmante e reparador;

  • Niacinamida (Vitamina B3): auxilia na uniformização do tom e reforço da barreira cutânea;

  • Extratos botânicos calmantes: como aloe vera, aveia coloidal e camomila, que reduzem irritações.

A escolha do produto deve sempre considerar a recomendação médica, pois alguns ativos podem não ser adequados em casos específicos.

Como estruturar a rotina de cuidados?

O ideal é iniciar os cuidados dermatológicos antes mesmo do início das sessões e mantê-los durante todo o tratamento. Uma rotina simples pode trazer resultados expressivos:

  1. Higienização suave: sabonetes líquidos sem fragrância, com pH fisiológico;

  2. Hidratação diária: loções ou cremes com ativos calmantes e reparadores, aplicados após o banho e sempre que houver ressecamento;

  3. Evitar produtos irritantes: suspender temporariamente ácidos, retinóides e esfoliantes;

  4. Proteção contra atrito: roupas leves e tecidos naturais reduzem o desconforto em áreas irradiadas;

  5. Acompanhamento profissional: dermatologistas e oncologistas devem orientar sobre os produtos mais adequados.

Conclusão

A pele é um dos órgãos mais afetados pela radioterapia e exige cuidados específicos para reduzir os efeitos colaterais.

O uso de dermocosméticos bem indicados auxilia na hidratação, na reparação da barreira cutânea e na redução da sensibilidade, permitindo que o paciente mantenha conforto e qualidade de vida durante o tratamento.

Mais do que estética, esse cuidado é parte do processo terapêutico, reforçando a importância de informação, acompanhamento médico e escolhas seguras no dia a dia.

 

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